No próximo dia 03 de Outubro, acontecerá a 9ª edição de As Águas de São Paulo, um importante movimento sócio religioso pela Liberdade de Expressão da Fé e Cultura de Paz, no combate à Intolerância Religiosa, Racismo e todas as manifestações discriminatórias.
No auge dos seus 71 anos de iniciação no Candomblé, e uma jovial força para lutar pelos direitos do Povo de Axé, Mãe Edelzuíta de Oxaguian - quarta filha mais velha de Mãe Menininha do Gantois, precursora da Raiz Gantois no Rio de Janeiro (onde fundou o ILÈ OBÁ N'LÁ, em 1944), e idealizadora do Movimento As Águas de São Paulo cedeu uma importante entrevista ao Babalorixá Ofanire - atual Presidente do movimento, em seu programa de rádio web Candomblé Total.
Leia a entrevista:
As Águas de São Paulo faz parte da lei municipal do Dia Municipal das Religiões de Matriz Africana: Umbanda, Candomblé e seus segmentos, festejada todo dia 30 de setembro. Sobre a lei, já me perguntaram por que 30 de setembro? Porque é o mês em que está se colhendo inhame na África, o período quando se faz as águas de Oxalá no Ilê Axé Opô Afonjá, no Engenho Velho e no Gantois, e também porque é quando se inicia a primavera. Então, achei que 30 de setembro seria uma boa data por isso e também por ser dia de São Gerônimo, que não é Xangô mas é sincretizado com ele. E Xangô é a força da nossa tradição.
No Rio de Janeiro também comemoramos a data, na Assembleia Legislativa do Rio Janeiro, quando vou com a minha quartinha e água perfumada e jogo na escadaria do local. Em Brasília também temos um projeto em andamento. Mas a minha intenção é que o 30 de setembro atinja todo território nacional e passe a se chamar As Águas Sagradas do Brasil, pois onde não há água, não há vida.
A ideia foi minha, mas passei o comando para as mãos do meu filho de santo Beto (Babalorixá Ofanire), pois não posso estar presente o tanto quanto gostaria. E acho que ele é a pessoa mais indicada para cuidar do movimento. Então, olhem As Águas de São Paulo com carinho, pois não é Beto, não é a Dona Edelzuita, mas a nossa religiosidade que está em defesa.
Nós não trabalhamos contra a intolerância religiosa, mas pela defesa da religiosidade e da cultura de paz, da compreensão e do amor. E o que eu mais quero é que o povo que habita a cidade de São Paulo, principalmente aqueles que são da tradição do orixá - seja da Umbanda, da Quimbanda, do Omoloco, entre outras, e até mesmo das escolas de samba e dos afoxés, que têm seus enredos baseados no Candomblé, sinta a responsabilidade que pesa no ombro de cada um e se faça presente no movimento.
Foram muitos anos de luta para conseguir sancionar a Lei Municipal 14.619/07, de autoria do Vereador Wadih Mutran, e isso deve ser levado em consideração. Mas a palavra é conscientização: pelo tamanho da nossa luta e por todas as dificuldades. Temos que seguir acreditando na cultura de paz, na união dos povos e batalhando pelo respeito. E por isso convoco a todos para estarem presentes na Câmara Municipal de São Paulo, no dia 30 de setembro, e no nosso ato público, no dia 3 de outubro, no Vale do Anhangabaú. Eu estarei lá também e quero um mar de branco no Vale, porque só juntos somos fortes.